É comum as pessoas terem uma certa tendência a adiar coisas que consideram chatas, dolorosas, difíceis, complicadas, etc, até o último minuto. Pessoas mais motivadas, mais conscientes e mais organizadas aparentemente lidam melhor com isso. Mas em algum nível, todos nós procrastinamos em algum momento, em alguma área da nossa vida. E há vários possíveis motivos pelos quais fazemos isso, tais como baixo nível de energia, alto nível de stress, saúde debilitada, medo, receio, preguiça, até mesmo um pouco de rebeldia quando olhamos para algo que nos soa como obrigação.
O problema com a procrastinação é que ela se auto-alimenta. Especialmente quando ela está associada ao medo. Mas de uma forma geral, quanto mais adiamos algo, mais resistentes ficamos a iniciar a tarefa em questão. Até que, obviamente, chega um ponto em que adiar deixa de ser uma opção e somos obrigados a correr atrás do prejuízo. No trabalho é mais complicado deixar coisas pra última hora, porque além de haver a presença constante da consciência da responsabilidade e pessoas cobrando resultados, as conseqüências da procrastinação podem ser drásticas e até mesmo custar seu emprego. Então, as pessoas tendem a ser mais conscientes e pró-ativas neste sentido no ambiente de trabalho. Mas e na sua vida pessoal?
É importante lembrar que, assim como no trabalho, as conseqüências da procrastinação na nossa vida pessoal também existem - e se manifestam nas mais diversas formas, afetando nossa qualidade de vida, nossa saúde, nossos sonhos, nossas finanças, etc. No entanto, ao invés de focar este artigo em questões de produtividade e nas coisas chatas que temos que fazer no nosso dia-a-dia, eu quero que você pense neste assunto tentando se conscientizar sobre quais são os prejuízos que a sua vida sofre toda vez que você deixa de fazer HOJE algo que pode tornar sua vida melhor amanhã.
Muita gente adota uma linha de pensamento totalmente auto-enfraquecedora dizendo a si mesmo: “Se eu fosse mais rico (ou mais magro, ou mais saudável, ou mais bem-relacionado, ou menos ocupado, ou menos rodeado de pessoas idiotas, etc, etc, etc…) minha vida seria muito melhor”. Esta linha de pensamento, além de enfraquecer nossa energia, acaba também instruindo o sub-consciente de que 1) você não tem controle sobre sua vida, 2) você tem pouco ou nenhum poder de mudar sua situação e 3) que sua felicidade está obrigatoriamente atrelada a coisas que você não tem ou não é (o que não é necessariamente verdade, tudo depende da sua perspectiva). E, se você diz este tipo de coisa a si mesmo o tempo todo, você reforça a noção de impotência e acaba acreditando que é vítima de situções, sem perceber que, na verdade, a única pessoa que tem poder de causar transformações na sua vida é você mesmo(a). Assim, você reduz o seu nível de consciência sobre a sua própria vida e, por acreditar ser vítima das circunstâncias, acaba realmente sendo. Você delega o controle da sua vida para as circunstâncias. E, acredite, não fazer nada para mudar sua vida se você não está feliz com a sua situação e viver passivamente é uma decisão, tanto quanto tomar atitudes na direção de mudanças, quer você goste disso, perceba isso ou não.
O que isso tem a ver com procrastinação? Tudo! No momento em que você delega o controle da sua vida para as circunstâncias e adota uma postura negativa e passiva, isso começa a comprometer a sua habilidade de agir em benefício próprio - e você tende a adiar cada vez mais as coisas. E sua situação se perpetua. E você continua reclamando e se sentindo cada vez mais vítima e mais impotente. E o ciclo recomeça e se repete indefinidamente.
Trazendo isso para o contexto do nosso projeto: nossas listas contêm 101 coisas que devem ser feitas em 1001 dias. 1001 dias é tempo pra caramba. Mas 101 coisas também é coisa pra caramba. Quais destas coisas você vem protelando? E quais destas coisas que você vem adiando têm um grande potencial de trazer melhorias significativas para a sua vida?
Eu vou sugerir um método que pode trazer bons resultados se você estiver disposto(a) a seguir. Tem funcionado pra mim, muito embora eu tenha feito isso intuitivamente.
Olhe a sua lista, ítem por ítem. Escolha 5 das 101 coisas que você acha que trarão resultados positivos significativos para a sua vida (inclua pelo menos um ítem que vá causar melhoria na sua qualidade de vida). Divida estas 5 coisas entre 3 coisas fáceis ou relativamente fáceis de realizar no curto prazo (isso é importante!) e 2 coisas com um nível de dificuldade maior. Durante uma semana, dê ao menos um passo no sentido da realização de cada uma destas metas, por menor que seja. Se, por exemplo, uma destas metas é doar as roupas que você não usa mais, comece tirando do guarda-roupas 5 peças. E deixe-as em um local visível, que vá te lembrar constantemente do próximo passo, que pode ser doar as 5 peças ou tirar mais peças do guarda-roupas. Para as 2 metas mais complexas ou mais difíceis, faça o mesmo. Dê ao menos um passo, proativamente, na direção da realização destas metas. Se você quiser, designe 15 minutos por dia, marcados no relógio, para cada passo. E como são 5 tarefas, em uma semana você pode usar 15 minutos num dia para uma tarefa, 15 minutos no outro para outra tarefa e assim sucessivamente (e ainda sobram 2 dias para “descansar”. ;-)). Não é muito, certo? Facinho, olhando desta perspectiva. É crítico, portanto, se você tem uma certa tendência à procrastinação, não olhar para cada tarefa como um todo num primeiro momento, porque isso pode te trazer sensações de preguiça, apreensão, medo, ou quaisquer outras coisas que normalmente te impedem de começar a tarefa em questão. Então, concentre-se apenas no primeiro passo por enquanto. O que vai acontecer é que:
- Você vai se sentir ao menos um pouco realizado(a) e mais energizado(a) pelo simples fato de ter iniciado algo que é iportante pra você. E isso vai te dar um impulso para continuar dando os passos seguintes.
- Na minha experiência, notei que o primeiro passo é o mais difícil. Uma vez vencida esta barreira, a tendência é que você, ao invés de dar apenas um pequeno passo, acaba se animando e fazendo mais do que inicialmente pretendia fazer. Mas não comece com isso em mente, concentre-se apenas em dar um pequeno passo, porque se você olhar para a tarefa como um todo esperando completá-la de uma só vez, você volta à estaca zero, sentindo a tentação de adiá-la.
Faça esta experiência por uma semana. Se funcionar para você, utilize o mesmo método para dar os passos seguintes, ainda dentro das mesmas metas, até que elas se completem. E depois volte aqui no blog para contar quais foram seus resultados - mesmo que não tenham sido satisfatórios. Vamos debater e acrescentar idéias. Cada pessoa é motivada de uma forma, o que funciona para uma pode não funcionar para outra, então quanto mais idéias e experiências conseguirmos juntar, maiores são as chances de que encontremos soluções para a procrastinação que funcionem para o maior número de pessoas possível. Mas por favor, ao comentar este post, atenham-se ao foco da procrastinação, ok?
A relevância disso tudo é que, se você conseguir realizar ao menos 3 coisas (na verdade, apenas uma já seria um excelente começo) que melhorem sua qualidade de vida ou ao meonos te coloquem no caminho de um dia-a-dia ou de uma vida mais gratificante, isso servirá não somente para aumentar a sua energia para correr atrás das coisas mais difíceis, mas também lhe trará a sensação de maior controle sobre a sua realidade, suas circunstâncias, sua vida. E este sentimento também se auto-alimenta, conforme você se vê realizando mudanças e vendo resultados, sua auto-confiança e sua motivação também se elevam. Experiência própria.
Como nota pessoal, eu quero dizer que este ano pra mim tem sido uma enorme experiência/aprendizado no sentido de causar transformações na minha vida. Existe aquele provérbio que diz que de grão em grão a galinha enche o papo. E é verdade. Eu comecei o ano desorientada com relação a praticamente todas as áreas da minha vida. Rapidamente eu percebi que, antes de criar transformações significativas, eu precisava cuidar de coisas básicas que fossem capazes de me permitir maior clareza, mais energia e mais equilíbrio. Eu vi que sem esta base eu não sairia do lugar. Quaisquer tentativas de promover mudanças maiores seriam uma sucessão de frustrações, porque eu não estava alinhada ou em harmonia com meu corpo e minha mente. Então eu priorizei estas coisas: comecei cuidando da minha saúde (isso foi fundamental para me dar mais energia), usando esta energia, comecei a ganhar mais clareza e conforme as coisas foram ficando mais claras, eu fui encontrando formas de achar equilíbrio. Somente com isso em ordem, eu fui capaz de começar outros tipos de transformações. E cada uma destas coisas aconteceu através de pequenos passos que, somados, fizeram uma enorme diferença. Eu ainda estou longe de causar todas as transformações que considero importantes na minha vida, mas hoje tenho uma idéia muito mais clara de quais mudanças são realmente relevantes para mim, estou dando passos reais na direção delas e a sensação de estar no caminho certo não tem preço. E, como eu disse, é tudo uma questão de escolha. Eu já escolhi viver passivamente, muito embora na época eu não tivesse total consciência de que isso era, sim, uma decisão, uma escolha. E os resultados foram péssimos, para dizer o mínimo. E suficientes para me mostrar que esta forma de lidar com a vida não é eficaz, é extremamente limitadora, tem um enorme potencial de perpetuar e piorar situações com as quais já não estamos satisfeitos pra começo de conversa e nos deixa parcialmente cegos com relação à nossa própria capacidade de transformação.
Então, a partir de hoje, se você vem vivendo passivamente, faça uma escolha consciente de tomar controle sobre sua vida e comece dando pequenos passos. Eles farão toda a diferença!
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